17/02/15

Doping, Crise, Ciclismo...

Está preste a iniciara-se mais uma época  velocipédica de “estrada” em  Portugal com a realização da Volta ao Algarve.

Sinal da grave crise que o nosso Ciclismo atravessa há já alguns anos é que a tradicional prova de abertura deixou de existir, pelo que as Equipas de Clube só mais tarde é que vão poder iniciar formalmente a sua época de “estrada”, mas infelizmente não é este o único sinal da crise do nosso Ciclismo onde não há também corridas destinadas exclusivamente para as Equipas de Clube (vulgarmente conhecidas como sub 23). Ainda há 10 anos havia em Portugal 9/10 equipas profissionais e outras tantas sub 23 e havia também um calendário específico para cada uma destas categorias e o resultado está visível na quantidade de corredores que estão neste momento a correr em equipas estrangeiras como por exemplo o Tiago Machado, Rui  Costa,  etc., etc., etc.

Poderei ser injusto com o que vou escrever a seguir, mas faço-o somente tendo por base aquilo que vai sendo público e que vou lendo na Internet, pois como é também público a UVP-FPC afastou-me da modalidade em Julho de 2009 não sendo sequer ouvido num suposto processo que me foi instaurado por, na qualidade de dirigente associativo, ter validado a realização de uma prova aberta na Póvoa de Varzim em que Manuel Zeferino participou, mas isso faz parte do passado e que, hoje, eu inclusivamente agradeço essa "sacanagem" que me foi feita, aliás, o tempo e o Tribunal da Póvoa de Varzim acabaram por me dar razão, mas deixemos o passado no passado que não é esse o tema deste texto.

Se até 2009, na minha opinião ano da viragem, o BTT era o parente pobre deste desporto terá em minha opinião passado para o outro estremo, mas não se esqueçam de uma coisa, o motor do nosso  ciclismo em qualquer das suas vertentes continua a ser a vertente “estrada” e o ponto alto continua ainda a ser a Volta a Portugal...

Mas voltemos ao tema, doping e crise, sim o tema deste meu texto é o doping e a crise no Ciclismo.

Podem descansar que não vou abordar o tema do doping da forma clássica pois o que não falta por aí são textos sobre doping e a minha opinião mantém-se cada vez com mais convicta de que o uso de substâncias consideradas como dopantes deveria ser permitida no Ciclismo Profissional  e severamente controlada nas classes de formação e  com penalizações fortes podendo ir até mesmo banir da modalidade os prevaricadores, pois sou de opinião que o Doping no Ciclismo é mesmo uma questão de cultura. Mantenho também o que sempre disse, se realmente houvesse vontade em irradicar o Doping do Ciclismo bastava tão somente aplicar a mesma pena ao Director Desportivo da equipa dos infratores que esta pratica prevaricadora acabava imediatamente. Aliás, há inclusivamente quem defenda que no limite se pode considerar o doping como um caso de saúde pública, mas lá estou eu a divagar do tema...

Mas voltemos ao tema, o doping e a crise no Ciclismo.

Desde sempre que tenho ouvido afirmações que a polêmica em torno do doping afasta os potenciais patrocinadores desta modalidade mas se em tempo concordei parcialmente com esta afirmação hoje não podia estar mais em desacordo, pois parece-me tão somente ser mais uma desculpa fácil.

Na minha opinião, repito, minha opinião, o problema do nosso Ciclismo está nos seus dirigentes, ou seja, o Ciclismo vive de esmolas e são sempre esmolas que se vão pedindo aos potenciais patrocinadores de equipas e/ou de provas e como esmola que é pedida é esmola que é obtida (muito provavelmente o meu afastamento permite que veja de maneira diferente o Ciclismo e como eu agora compreendo a questão do meu amigo Costinha das barreiras serem altas, na altura não conseguia compreender...).
Estou plenamente convencido que quando a maneira de pensar dos responsáveis do Ciclismo (federativos, associativos, de clubes e organizadores de provas) mudar a eterna crise irá ser atenuada drasticamente ou até mesmo acabar.

E no que é pode mudar na maneira de pensar?

SIMPLES, MUITO SIMPLES MESMO!!!!

Basta que quando estiverem a falar com os potenciais patrocinadores lhes demonstrem que o que lhes estão a propor um investimento rentável e não a lhes pedir uma quantia de dinheiro para que o nome/marca que representam possa aparecer.

OU SEJA:

Têm que ter a capacidade de demonstrar que o dinheiro que vão dispor será um INVESTIMENTO e não mais um  CUSTO.
É um bom exemplo do que acabo de afirmar o que proferiu no seu discurso durante a apresentação da Volta ao Algarve o responsável pela Região de Turismo do Algarve.
Claro está que será sempre necessário demonstrar posteriormente o retorno positivo do investimento.

Não pretendo denegrir ninguém com este meu texto e reconheço que é com muito esforço que muitos dos responsáveis vão conseguindo ainda por as provas e equipas na estrada, mas a maneira de “pensar” vai ter mesmo que mudar.

Em suma, tantas linhas para dizer uma o coisa, o Ciclismo terá se ser um investimento e não um custo.

Termino dando os meus parabéns a cinco nomes do Ciclismo que sei que têm já esta visão e vou menciona-los por ordem alfabética - Carlos Pereira (responsável por uma equipa e organizador de provas), Delmino Pereira (Presidente da UVP-FPC), Joaquim Gomes (responsável pela organização da Volta a Portugal entre outras), Manuel Correia e Pedro Silva (responsáveis por equipas amadoras).