06/11/09

Previsão do futuro (mais do que próximo) do Ciclismo - parte 2

Texto modificado em 10/11/2009 com a inclusão do último paragrafo de cor azul.


Será que alguém vai ter paciência para ler este meu “testamento”?


Na sequência do meu texto do passado dia 12/10/2009 e com o título “Previsão do futuro (mais do que próximo) do Ciclismo”, quer me parecer que o cenário apontado por mim na altura para o futuro das Equipas Continentais portuguesas está muito sombrio. Tudo indica que em 2010 só iremos ter cinco equipas (Centro Ciclismo de Loulé, Clube Ciclismo de Paredes, Clube de Ciclismo de Tavira, Gaia Clube de Ciclismo e Boavista Futebol Clube - penso que o nome correcto do "Boavista" é Boavista Ciclismo Clube mas como no sítio na Internet da Federação Portuguesa de Ciclismo consta como "Futebol"...). Se cada equipa só tiver doze corredores, iremos pois ter somente sessenta e dois profissionais - o que não há memoria de haver tão poucos corredores.

Bem, ainda há um outro pormenor importante e que poderá trazer uma sexta equipa ao pelotão "profissional". É público que a União de Ciclismo da Maia (presidida pelo Paulo Couto) está a desenvolver todos os esforços para voltar à estrada como Equipa Continental, vamos pois dar tempo ao tempo e desejar boa sorte aos dirigentes maiatos.

Muito se poderia especular sobre a gradual perda de equipas em Portugal e não me parece que sejam só os casos de doping que afastam os patrocinadores, claro que não.

Mas, como irá ser em termos de provas?

Por exemplo, as provas a contar para a Taça de Portugal de Elites. Se no ano passado houveram provas em que com seis equipas eram já poucos os corredores e mesmo assim ainda a haverem equipas a preferir ir correr a Espanha como será para 2010?
Ora como só podem alinhar oito corredores por equipa (a não ser que se alterem os regulamentos) iremos ter somente quarenta corredores á partida. Claro está que na época de 2009 os corredores da categoria elite das Equipas de Clube podiam alinhar nas provas da Taça e assim compunham um pouco mais o pelotão em termos de número de participantes há partida, mas que no final e devido à diferença de andamento eram poucos os que chegavam no grupo da frente e isto pode ser considerado como um “logro” para os organizadores e consequentemente para os patrocinadores.

O que me parece que irá acontecer em 2010 e lanço o meu palpite sem qualquer fundamentação de “bastidores”, será que as provas da Taça de Portugal de Élites e Sub 23 irão fundir-se numa só “Taça”, em que moldes, sinceramente não faço a menor ideia. As provas por etapas nacionais (2.12) vão ter que recorrer ás Equipas de Clube em maior número. Se por um lado pode parecer que para os chamados sub 23 vai ser melhor, no computo geral parece-me que irá ser pior, pois os organizadores vão ter que baixar a quilometragem das etapas e torna-las mais acessíveis para poderem garantir aos seus patrocinadores um pelotão mais ou menos recheado à chegada. Isto por sua vez irá também fazer com que os corredores das equipas profissionais fiquem com o andamento inferior e quando chegar a Volta a Portugal em Agosto como vai ser? Recorrem ao doping?

E por falar em Volta a Portugal, como vai ser?
Vamos ter que ter muitas equipas estrangeiras que devido ao escasso numero das portuguesas. O orgnizador por sua vez vai-se ver “obrigado” (PAD ou outro qualquer que entretanto possa aparecer) a trazer equipas do segundo ou terceiro plano do Ciclismo Europeu de modo a que as portuguesas possam estar na luta pela corrida e levar o “povo” á estrada. Ora com o passar do tempo vai fazer com que a qualidade dos nossos corredores volte a baixar e oportunidades como as que tiveram, entre outros o Rui Costa, Tiago Machado, Zé Azevedo vai ser muito difícil. Se na Volta ao Algarve as equipas portuguesas poucas possibilidades têm logicamente de brilhar isso irá também acontecer nas outras provas internacionais que se vão disputar em Portugal como por exemplo a Volta ao Alentejo e o Premio CTT. Para os organizadores também vai ser mau pois vão ser obrigados a contratar mais equipas estrangeiras aumentando assim o orçamento da prova.

Claro está que todos sabemos que o maior retorno que as equipas dão aos seus patrocinadores é na Volta a Portugal e com o quadro nego que tracei parece-me que o retorno irá começar a faltar, ou então irá surgi por intermédio de fugas (como as que o Pedro Martins fazia ainda há poucos anos mas que em nada davam excepto na 5ª etapa da Volta 2001 – Tavira/Évora em que vestiu a camisola amarela) mas que garantia muitos mas mesmo minutos de reportagem televisiva. Ora, com esta aparente falta de retorno que perspectivo é muito provável que as actuais cinco equipas repensem o seu futuro e desçam de escalão para Equipas de Clube (chamadas na gíria de Sub 23), aliás foi por esse mesmo motivo que salvo erro em 2003 ou 2004 as equipas que tínhamos em Portugal no GS2 (equiparam-se ás actuais Equipas Continental Profissional) passaram a GS3 (equiparam-se ás actuais Equipas Continentais).

Claro está que depois há o “efeito dominó” acabando todos os escalões por sofrer.

Este panorama, vai fazer com que cada vez mais no meio da população portuguesa também cada vez mais hajam menos ídolos do pedal e depois os jovens em vez de optarem pelo Ciclismo optam por outras modalidades. Eu tenho o exemplo em casa e mesmo sendo eu do meio velocipédico e incutindo ao meus filho de seis anos o Ciclismo ele só quer saber do "Cristiano Ronaldo" que é o seu mega ídolo.

Pergunto pois, retirando os adeptos habituais do Ciclismo e que procuram informação quem são os Corredores que o povo português conhece?

Eu respondo – Cândido Barbosa, Zé Azevedo e Nuno Ribeiro e ainda temporariamente os que vão sendo apanhados nas malhas do doping (infelizmente para ele e para o Ciclismo foi também o caso no Nuno).
E se por exemplo pegar-mos na população com menos de 30 anos e perguntarmos quem é o Sr. Alves Barbosa e o Marco Chagas? A maior parte provavelmente irá reconhecer o Marco como comentador de Ciclismo e o Sr. Alves Barbosa nem vão saber quem é (não pensem que tenho algo contra estes dois senhores do Ciclismo Português pois não tenho, inclusivamente quando tenho oportunidade de estar com o Sr. Alves Barbosa trato-o por "mestre" a exemplo do que faço também com o Sr. Emídio Pinto e a outro nível com o Sr. António Moura – pessoa responsável pela minha vinda para o Ciclismo ainda no tempo do MONACI).

Bem, de equipas estamos falados, resta saber se os organizadores vão conseguir dinheiro para colocar as provas na estrada e com o caderno de encargos logístico devidamente respeitado.
Em relação à UV.P./F.P.C. da minha parte, ficam duas questões no ar:

1º) Qual o seu papel na reestruturação do Ciclismo Português na vertente estrada nestes escalões (Equipas de Clube e Equipas Continentais).

2º) E se finalmente vai fazer cumprir integralmente os Regulamentos e Cadernos de Encargos (logísticos e financeiros) ou se irá, a exemplo do que tem acontecido, continuar a ter “dois pesos e duas medidas”.

Bem, como neste momento estou de cama com gripe e com 39,4º de febre (para já ainda não é a “A”) espero bem que este meu exercício não passe de senilidade provocada pela febre e que esteja profundamente enganado.
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