Motociclos e Ciclismo

Anda toda a gente preocupada com o doping no Ciclismo, e com a segurança nas corridas quem é que se preocupa?

Pequena ressalva, não quero com o parágrafo anterior dizer que sou a favor do doping, bem antes pelo contrário, que não haja qualquer dúvida.

Se para ser comissário é necessário um curso e “reciclagens” anuais, se para ser treinador também é necessário um curso com vários níveis, para médico a mesma coisa, e para outras funções também é necessário um curso porque é que para fazer serviço de segurança (vulgarmente conhecido como Bandeira Amarela) a única necessidade é possuir uma mota?

Qualquer organizador que se preze preocupa-se com a segurança de toda a caravana(a PAD e a ABIMOTA são as excepções servindo como referencias positivas em Portugal neste momento – desconheço a realidade da UDO pelo que não me posso pronunciar).

Na pratica os restantes organizadores limitam-se a ir a um qualquer moto clube (normalmente na zona da prova) e a pedir três ou quatro motas (muitas das vezes nem as sabem conduzir) enfiam-lhes um colete e uma bandeira para as mãos e eles nem sabem para o que vão!!!

Primeira consequência, como não sabem o que estão a fazer, não sabem passar o pelotão e colocam em risco demasiadas vezes os corredores. Como não sabem também o que têm que fazer, sinalizam mal os obstáculos e não têm também a percepção do que devem sinalizar, muitos deles até vão tão á frente na corrida que nem sequer os vemos, limitando-se pois a fazer numero e a tentar "tapar os olhos" a toda a caravana.

De que é que se está á espera para que esta actividade dentro do ciclismo seja devidamente regulamentada e regulada?

De que se está á espera também para obrigarem os organizadores a cumprirem os requisitos mínimos de segurança (nem se quer falo em caderno de encargos) aplicando sanções para os que não cumprirem?

Mas eu sei, estão há espera que realmente haja um acidente grave para aí sim vir toda a gente armada em “salvador da nação”.

Tudo o que acabei de escrever também se aplica aos condutores dos carros.

Nesta matéria depois dos corredores os heróis são os comissários pois aceitam ser conduzidos por qualquer um sem saberem sequer se essa pessoa o sabe fazer, se a viatura reúne condições de segurança, etc. etc.

Até hoje e com a excepção da PAD, nunca, mas mesmo nunca ninguém me pediu para exibir a carta de condução (e se ela é valida para a mota que irei conduzir pois há escalões nas cartas), se a mota tem o seguro em dia e se o mesmo tem as coberturas necessárias para estar na corrida. Contudo eu sei que já houveram algumas situações em que estiveram em corridas motas sem seguro e o seu condutor sem carta de condução.

Como todas as pessoas do Ciclismo sabem todas as viaturas (motociclos incluídos) que circulam dentro de uma corrida têm obrigatoriamente que escutar o rádio volta e o que acontece é que na esmagadora maioria das vezes não têm qualquer tipo de comunicação.

Eu digo mais, além de escutarem rádio volta deveriam ter também o canal organização a escutar e emitir para poderem a todo o momento falarem com o director da organização e poderem assim resolver os contratempos que sempre surgem nas provas de ciclismo.

No caso dos comissários ainda é mais grave, pois na maior parte das vezes as motas chegam tão em cima do acontecimento que as empresas que montam as comunicações nas corridas não têm possibilidade de as montar e/ou testar, acontecendo que passado pouco tempo o comissário mota vai ficar sem comunicações rádio, logo não podendo desempenhar cabalmente a sua função.

Isto tudo para quê, para dizer que quem conduz dentro das corridas de Ciclismo deveria ter formação efectiva e especifica para tal, sendo que neste momento isso não existe.

E porque já estou farto de deitar palavras ao vento, decidi coloca-las neste meu espaço virtual, para que os poucos que as lerem possam fazer a sua interpretação.

Para os meus “leitores” do mundo das motas, não pensem que andar de mota dentro de uma corrida é um simples passeio, pois enganam-se, é bem mais difícil que ir ao Cabo da Roca e/ou Vila do Conde ao domingo de manhã.