16/11/07

Vale da Vilariça e Cerejais

Ainda como complemento ao texto “Distrito de Bragança” publicado no meu blog em 11 de Novembro, permitam-me citar Miguel Torga que apelidou toda a região do Nordeste Transmontano de “ reino maravilhoso".

Muito bem, vamos então ao Vale da Vilariça,

O Vale da Vilariça por si só já merece um destaque especial quando se fala no Nordeste Transmontano e daí não ter sido inserido no texto anterior, muito embora este vale faça já fronteira com a região do Douro Superior.
Trata-se pois de um vale com características muito particulares e de grande aptidão para a agricultura. A paisagem rural muda gradualmente à medida que subimos para altitudes superiores, deparando-nos com uma zona de transição entre o xisto e o granito, a zona de vale e as escarpas rochosas de granito.
O famoso Vale da Vilariça tem uma área aproximada de 34.000 hectares constituindo uma pequena planície aluvionar de 5000 hectares, que serve de bacia de recepção da Ribeira que lhe dá o nome e que nasce a cerca de 25 Kms na Serra de Bornes. São conhecidas as aptidões do Vale da Vilariça para a produção de produtos hortícolas, pomares e cerealicultura, sendo possível a sua utilização também para outro tipo de culturas.

Há uma zona do Vale que é ocupada tradicionalmente pelo olival, vinha integrada na Região Demarcada do Douro, amendoal e uma área bastante restrita, nomeadamente a zona mais próxima da foz da Ribeira da Vilariça e já do rio Sabor, com cereal e alguma horticultura nas tradicionais "courelas".
Mais a Norte, encontramos uma superfície planáltica, muito perfeita, integrada na Meseta Ibérica e profundamente entalhada pela incisão dos rios Douro e Sabor, com características diferentes, onde predomina a apascentação do gado bovino, em lameiros.

O Vale da Vilariça é atravessado pelo IP2/E802 que faz a ponte entre o antigo IP5 (agora A25) e o IP4 na zona de Macedo de Cavaleiros.

Com as boas vias de comunicação agora existentes rapidamente se chega a este vale onde recomendo como alojamento a Estalagem da Nossa Senhora das Neves, que fica situada no cima do monte de Bornes (Serra de Bornes), de onde se tem uma panorâmica de todo o Vale da Vilariça, em que para além da beleza impar que o nosso olhar pode desfrutar, o silêncio, é tão profundo que chega a ser perturbador. Os nossos ouvidos cansados de tanta poluição sonora, ficam quase anestesiados perante a ausência de barulhos tão característicos das grandes urbes!

Nos tempos de hoje, deveria ser uma terapia recomendada para todos aqueles que sofrem de depressões, originada pelo stress dos nossos dias, em vez de gastar dinheiro com ansiolíticos e outros, mais valia um fim-de-semana por está região maravilhosa.

Uma das aldeias inseridas na zona é Cerejais à qual se chega facilmente pela EN605.

Esta localidade tem registado algum crescimento nos últimos anos, talvez em parte pela proximidade e fácil acessibilidade à sede do concelho mas principalmente pelo impulso social e turístico desenvolvido pelo Santuário Mariano que ali existe e que é um dos mais visitados do país.
Na altura das amendoeiras em flor (de finais de Fevereiro a meados de Abril) é obrigatória a passagem por esta aldeia. Quem pretender ficar alojado em Cerejais pode sempre aproveitar e ficar instalado no Lar do Santuário de Cerejais (Tel.: 279 459 145), com serviço de refeição, devendo contactar, previamente, as Irmãs que se encontram no local.

Além das amendoeiras em flor temos como principais pólos de atracção desta freguesia o Rio Sabor e os locais paradisíacos onde se podem fazer piqueniques, e no que diz respeito a monumentos temos ainda:
**Igreja Matriz – apesar de se desconhecer a data de construção deste templo, sabe-se que já existia no século XIX, destacando-se, no seu interior, cinco altares.
**Santuário do Coração de Maria – O Santuário dos Cerejais é um santuário cordimariano novecentista, dotado de igreja, calvário e loca, em réplica daquela que se encontra na Cova da Iria, em Fátima. A igreja detém uma planta longitudinal, com três naves e torre sineira isolada. O templo integra a capela de construção anterior, sendo a fachada principal voltada a este e escalonada, com portal de verga recta, encimado por uma imagem de Maria. No interior, a capela-mor é revestida a painéis de azulejos policromos que representam a Santíssima Trindade a coroar a Virgem, o Inferno, a morte do Justo e do Pecador. Os tectos são de madeira, as paredes pintadas de branco e o pavimento é de azulejos. No exterior, situam-se três pavilhões de apoio aos peregrinos, a Casa dos Pastorinhos, um pavilhão de maiores dimensões e a Casa de Nazaré que é destinada a confissões, cursos de formação e apoio a peregrinos. No lado oeste, encontra-se o Lar da Betânia que acolhe idosos da freguesia. A estrada oeste representa a Via-sacra, com quinze cruzes talhadas em granito e baixos-relevos franceses, sendo a décima quinta uma enorme cruz com a imagem de Jesus Ressuscitado na base. A Via-sacra termina no cume de uma elevação, onde se ergue a capelinha do Calvário, ladeada pelo Sepulcro de Jesus e por esculturas, em tamanho natural, de Cristo e de Nossa Senhora na Rua da Amargura. A estrada que segue para este da entrada do adro da Igreja conduz à Loca do Cabeço e, ao longo do trajecto, erguem-se os quinze Mistérios do Rosário, esculpidos em pedra. No cume do cabeço onde termina a estrada, encontra-se uma pequena construção que alberga um grupo de esculturas representando a aparição do Anjo de Portugal aos Pastorinhos. Assim, evoca-se a terceira Aparição de Fátima, representada, igualmente, em vitral policromo. Vislumbra-se, também, a Gruta dos Pastores, com um grupo escultórico que integra o Anjo do Senhor a anunciar aos Pastores de Belém o Nascimento de Jesus.

**Capela de São Sebastião – Esta Capela vale, essencialmente, pela sua antiguidade, uma vez que, em 1706, já era referida pelo Padre António Carvalho da Costa, na Corographia Portuguesa.

**Cruzeiro

**Alminhas

**Miradouros do Calvário e da Loca – Nestes dois locais, o turista desfrutará de uma vista panorâmica deslumbrante.

**Quinta Branca – Este local foi proposto como Valor Concelhio pelo PDM de Alfândega da Fé, publicado no Diário da República de 18 de Outubro de 1994.

**Atalaia das Inculcas – A Atalaia das Inculcas existe desde que a aldeia é conhecida, situando-se no lado esquerdo, a meio do caminho que liga Cerejais ao Rio Sabor.
Resta pois desejar-vos uma agradável visita à região envolvente ao Vale da Vilariça e porque não a todo o Nordeste Transmontano inserido no distrito de Bragança.

Vale da Vilariça,Amendoeiras em flor;

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