28/11/07

Passeio Big Trails M.C.Porto

No passado dia 25 de Novembro o Moto Clube do Porto organizou mais um passeio destinado a motas do segmento “Big Trail”.

Transcrevo texto sobre o evento elaborado pelo Ernesto Brochado e disponível no sítio do Moto Clube do Porto:

“O Vasco Rodrigues e o Sérgio Correia prometeram e cumpriram. Delinearam um percurso de pouco mais de 50 km para todos os gostos, obrigando os 21 condutores deste Passeio para Trails do MC Porto a aplicarem-se nas serranias a norte de Viana do Castelo no radioso domingo de 25 de Novembro. Houve muita entreajuda, transpiradelas, unhas e motos tombadas para o lado. As duas Varaderos presentes aguentaram estoicamente e no final, na travessia a vau do rio Âncora, o Paulão tanto tentou que conseguiu afogar a sua pobre Dominator.

A Serra está uma desgraça.

A caravana inscrita foi pontual e enorme. Não é habitual termos 21 motos em passeios destes. Duas delas até tiveram passageiras e uma delas chegou a conduzir também. Após o encontro na sede, a maioria dos participantes arrancaram em viagem sem história até Viana, mais precisamente ao cimo de Santa Luzia. Com a foto de grupo tirada e último briefing do Sérgio, as 21 trails, de várias marcas e cilindradas lá se meteram na vegetação da serra, com calma, respeitando os muitos ciclistas. Gostávamos de dizer que também respeitamos a Natureza. Mas que Natureza? Esta já quase não existe. Os vários incêndios carbonizaram repetidamente a vegetação autóctone a assistimos à decadência total da serrania, com uma infestação geral de acácias. Em todo o percurso contaram-se os carvalhos pelas mãos, viu-se um castanheiro e meia dúzia de sobreiros. Mais nada! Até um mísero tojo arnal ou urze já é motivo de festa lá no alto. Valem as vistas ou para o vale de Outeiro a leste, ou para o mar, do lado contrário.

Grande treino de condução.

E ainda nem tínhamos “aquecido” e uma calçada romana se nos deparava a seguir à carreira de tiro arruinada. Alguns condutores preferiram seguir pela opção fácil, metendo-se quase toda a caravana pela irregularidade da calçada. E todos passaram. Aliás passou-se em todo o lado, com mais pisca arranhado, menos gramas de pintura na carenagem. O dia estava fabuloso, solarengo e sem pó graças às chuvas caídas durante a semana. As subidas e descidas iam-se vencendo, com pisos bons e outros nem por isso. Regueiras profundas, cascalheiras e pedras muito salientes e soltas foram testando os dotes de condução da malta. Passaram todos no teste. Seis motos tiveram um pouco de sono pelo caminho, deitando-se teimosamente, mas rapidamente acordadas pelos donos. Uma precisava de café. Insistiu na sonolência três vezes. O grupo ia parando várias vezes, agrupando e trocando impressões animadas. Para ajudar, a surpresa que nos esperava na Sra. da Cabeça, local de romaria no meio da serra e onde um valente aperitivo enganou a fome a todos. O Carlos Ruivo aproveitou a paragem e tentou fazer negócio com o dono de uma motorizada no local. Não conseguiu e foi curiosa a forma como o senhor se foi embora. Com um terno após 10 metros! Levantou-se, encaixou o banco na Famel e seguiu caminho após um “Tá tudo bem!”, balbuciado entre o hálito de vários bagaços. Deita, levanta e rola.
E lá se prosseguiu, com circuito panorâmico de onde se apreciava bastante bem a vizinha serra de Arga, e sempre perto da nova A 28 que agora rasga a serra a meia encosta. Nova paragem de agrupamento e ouve-se chegar uma monocilíndrica em grande ritmo. Sem tempo de raciocinarmos quem seria o campeão, o som de plásticos pelo chão fez virar muitos pescoços ao mesmo tempo. O Paulo Oliveira, sim, o Paulo Oliveira tinha-se entusiasmado com a F 650 emprestada e deu-lhe uma decoração nova. Poucos minutos depois já se rolava de novo com normalidade. Às principais dificuldades, os organizadores iam mostrando variantes fáceis. Mas qual quê. A malta queria era arregaçar as mangas. Siga então. E não eram pêra doce, algumas das irregularidades, principalmente para motos de 230 quilos.

Paulão lança âncora no meio do rio

Chegamos então à cereja no topo do bolo: a travessia a vau do Âncora, perto de Ponte de Saim. No local mais bonito do passeio, ainda com alguma vegetação ripícola – amieros, salgueiros e outras autóctones que emprestam um ar acolhedor às margens – uma a uma, todas as motos passaram para o lado norte. Com uns 30 a 40 cm de profundidade, a travessia não apresentava dificuldades de maior, apesar do fundo em pedra rolada. Houve até quem passasse mais que uma vez para a foto, graças à confiança no goretex das botas. Pois, que passar o resto do dia de pés molhados, com o fim da tarde frio a aproximar-se não tem grande piada.
E chega então o número do Paulão, homem sempre de um lado para o outro com a sua moto, arranjando desculpas e argumentos para não parar quieto um minuto. Mete-se no rio, a desviar a desgraçada da Dominator cada vez para partes mais fundas. Cada vez mais, cada vez mais até que... os escapes ficam debaixo de água num local já de um metro de profundidade. A pobre da moto berra “É demais!” E fez greve. Lá ficou o Paulão com água até ao banco à espera que alguém o fosse ajudar perante a gargalhada geral.
O Vasco Rodrigues é do bom tempo e meteu-se vestido no Âncora auxiliando o resgate da coitadinha. Graças aos seus dotes de mecânico, abriu o que tinha de abrir à pobrezinha, tirou água, lodo e quase ruivacos e trutas do motor, escapes, filtro e carburador da Dominator e após uma hora de intensa mecânica, o Vasco fez soar de novo o monocilíndrico.
Champarreão ganha clientes

Salva de palmas geral e ala para o tacho que as barrigas já se queixavam. O almoço-lanche fez-se em esplanada panorâmica do lugar de Espantar, ao lado de S. Lourenço da Montaria. Um sítio bonito!
Moelas, rojões, queijo e presunto constituíram o petisco. Mas o que marcou mesmo foi o champarreão!
Bebida típica do Minho vianense onde se mistura o vinho com cerveja, açúcar, canela e sabe-se lá que mais, escorregou nas goelas com muita facilidade. Os “navios”, púcaras em que vem para a mesa, foram esvaziados com celeridade. Grande lanche.
Grande passeio também, que terminou com outro regresso sem história, claro. O divertimento foi no monte, e aí não faltou."

Ficam mais algumas fotos do passeio depois desta discrição do Nestinho.

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