19/09/09

Ciclismo em Portugal

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Qual o futuro próximo
do
Ciclismo Profissional Português?
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Sombrio, muito sombrio mesmo, digo eu…

Se recuarmos um pouco no tempo com facilidade verificamos que algo anda mal ano após ano. No início da presente temporada foram só seis as equipas Continental que conseguiram formalizar a sua inscrição a saber:
· EC – Barbot / Siper – 14 corredores (12+2)
· EC – Centro Ciclismo Loulé / Louletano – 17 corredores (14+3)
· EC – LA / Rota dos Móveis – 12 corredores (8+4)
· EC – Liberty Seguros – 15 corredores (11+4)
· EC – Madeinox / Boavista – 11 corredores (9+2)
· EC – Palmeiras Resort / Prio – 14 corredores (9+5)

Se esmiuçarmos um pouco mais chegamos a outro dado também ele desolador, ou seja, estiveram filiados com contrato profissional na U.V.P./F.P.C. oitenta e três corredores sendo sessenta e três portugueses e vinte estrangeiros maioritariamente espanhóis (estes números foram efectuados com a informação disponível há momentos no sítio na Internet da Federação Portuguesa de Ciclismo).

Como até prova em contrario todos são inocentes e como também só devo escrever/afirmar o que posso provar, todos estes oitenta e três corredores estão a receber o ordenado que têm escrito no seu contrato de trabalho e que está na U.V.P./F.P.C. e estão todos no activo, ou seja, nenhum deles está inscrito somente para fazer numero e assim a (s) equipa (s) conseguir atingir requisitos mínimos regulamentares, quer em quantidade de corredores quer em média étaria. Claro está que nos diz que disse do pelotão nacional são vários os que dizem que há corredores que não recebem ordenado porque se ofereceram para correr de graça, também se diz que há corredores inscritos nas equipas só para fazer numero (é um facto que há algumas fotografias de atletas das equipas no sítio na Internet da Federação Portuguesa de Ciclismo que eu não conheço, mas admito ser culpa minha), etc., etc., etc.

Por outro lado, se verificar-mos o calendário que foi aprovado na Assembleia-geral da Federação Portuguesa de Ciclismo em Outubro de 2008 e depois comparar-mos com as provas efectivamente realizadas em 2009 facilmente constatamos que algumas ou foram anuladas ou então baixaram de escalão e no numero de dias de corrida sendo os casos mais graves duas provas da PAD (Prémio de Santarém e Prémio de Paredes) não esquecendo por exemplo o Abimota que teve só um dia de corrida, Volta a Trás-os-Montes, Rota do Vinho Verde que nem sequer foram para a estrada.

Foi também triste ver este ano em algumas provas pelotões com pouco mais que 50 corredores e mesmo assim sendo necessário recorrer a equipas espanholas para atingir este numero, como por exemplo a 1ª prova da Taça de Portugal em Vieira do Minho.

Voltando ao diz que disse do nosso pelotão e com a fim já anunciado da EC – Liberty Seguros em 2010 parece que confirmadas como Continental só irão haver três equipas.

Com as dificuldades financeiras com que a PAD se tem debatido nos últimos tempos e com o panorama atrás referido, para poder manter ainda o escalão das provas internacionais que organiza e que se encontram no calendário da UCI os custos serão bem maiores pois terá necessidade de contratar mais equipas estrangeiras. Não nos podemos esquecer que as outras provas internacionais irão ter o mesmo problema.

Mas qual a minha previsão (pessimista) do futuro próximo:
Todas as provas irão baixar de escalão, as equipas muito provavelmente irão passar todas a Equipas de Clube e a esmagadora maioria das provas por etapas passarão a ser 2.13.
Sendo assim a Volta a Portugal do Futuro deixará de ter razão de existir e muito provavelmente juntar-se-ão as duas Voltas fazendo uma com três semanas de competição como era há vinte anos atrás. Obviamente que depois as actuais Equipas de Clube serão tratadas como "Profissionais" que é o que o povo quer ouvir, ou será que está no tempo de voltar-mos a ter os "Séniores A" e "Séniores B"?

Claro está que Portugal em termos de selecção perderá alguns corredores (só já temos direito a três) pois não irá obter pontuação para poder levar mais corredores, casos como o do Rui Costa e do Sérgio Paulinho que deram nas vistas ás equipas estrangeiras deixarão de acontecer uma vez que essas equipas simplesmente deixarão de vir correr a Portugal assim como também as equipas portuguesas deixarão de correr no estrangeiro (excepto provas do escalão 13).

No futuro próximo do Ciclismo Português resta também saber se a PAD se manterá como principal organizadora de provas de estrada, em que moldes o fará e se o caderno de encargos existente será integralmente cumprido, aliás, duvido que o tenha sido nos últimos anos, mas como não o conheço integralmente não me posso pronunciar sobre esta matéria a não ser duvidar.

Não nos podemos esquecer que o Ciclismo jovem se movimenta basicamente á custa dos dinheiros que a PAD "dá" a Federação desde 2004 para organizar as provas a que está obrigada por contrato.

Custe a quem custar há que definir rapidamente o futuro da PAD no nosso Ciclismo e como todos sabem eu continuo a ser um adepto da PAD (mesmo com o que aconteceu comigo após os nacionais de Stª Maria da Feira, mas isso não é para aqui chamado).

Ainda não há muito tempo em Portugal tínhamos dez equipas profissionais sendo inclusivamente uma da 1ª divisão (actualmente ProTour), oito da 2ª divisão (actualmente Continental-Profissional e onde estava o Benfica no ano passado) e só uma na 3ª divisão (Equipa Continental) que é o escalão onde actualmente estão todas as equipas portuguesas.

Resta que rapidamente a Federação Portuguesa de Ciclismo defina o futuro do nosso Ciclismo até quanto mais não seja que as equipas (as actuais profissionais e de sub 23) saibam como se hão de preparar para a próxima época. Os organizadores de corridas também necessitam saber qual o futuro, pois organizar uma prova como a Volta ao Alentejo (2.1) ou um Joaquim Agostinho (2.2) não é exactamente a mesma coisa que uma prova 2.12 como foi por exemplo o Prémio de Paredes ou a Volta a Trás-os-Montes (se tivesse havido).

Por falar na Federação Portuguesa de Ciclismo, o pagamento dos prémios aos corredores será que anda em dia? Como agora ninguém pode reclamar…


Complementarmente não nos podemos também esquecer e voltando ao diz que disse, estão na calha alguns projectos para trazer novas equipas á estrada quer como Equipas Continental quer também como Equipas de Clube. Nesta altura andam também todas as equipas e potenciais equipas na estrada a tentar arranjar dinheiro para os seus projectos pelo que a actual indefinição em nada ajuda podendo até descredibilizar a modalidade junto dos eventuais patrocinadores assim como também das pessoas que dão a cara por esses projectos.

Mas como sou algo lunático espero bem que este meu raciocínio também o seja e que lá para Dezembro tudo o que aqui escrevi não seja verdade. Como eu gostava de estar errado!!!

1 comentário:

Feliciano da Vasa Ferreira disse...

Está correcta a análise. Não posso estar mais de acordo. Esta é fase em que qualquer patrocinador só de ouvir falar de ciclismo, desliga o telefone!