Transcrevo, por achar pertinente e actual um trabalho efectuado pelo João Santos e José Carlos Gomes, publicado no Jornal Ciclismo em 23 de Janeiro de 2008 e que pode ser consultado em http://jornalciclismo.com/?p=184
“O ex-ciclista Delmino Pereira é o rosto da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) para a vertente de BTT. Tendo pela frente a difícil tarefa de chamar à estrutura federativa os milhares de praticantes e as centenas de provas que crescem sem vínculo oficial, o natural de Campeã, Vila Real, quer fazer crescer o BTT da base para o topo. Primeiro há que aumentar o número de federados para melhorar o nível competitivo e encontrar grandes campeões. É esse plano que explica em entrevista ao Jornal Ciclismo.
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“O ex-ciclista Delmino Pereira é o rosto da Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) para a vertente de BTT. Tendo pela frente a difícil tarefa de chamar à estrutura federativa os milhares de praticantes e as centenas de provas que crescem sem vínculo oficial, o natural de Campeã, Vila Real, quer fazer crescer o BTT da base para o topo. Primeiro há que aumentar o número de federados para melhorar o nível competitivo e encontrar grandes campeões. É esse plano que explica em entrevista ao Jornal Ciclismo.
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Que projectos tem enquanto responsável pelo BTT na Federação Portuguesa de Ciclismo?
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Não sou o responsável máximo. O BTT é uma área entregue ao senhor Armelim Azevedo, que teve um problema de saúde, motivo pelo qual a equipa de BTT foi reforçada comigo e com o senhor Rodrigo Ramos. A FPC reconhece que o BTT é a vertente em maior crescimento e expansão e teremos de tomar medidas mais determinadas e fortes para corresponder à evolução do BTT, organizando e optimizando toda a oportunidade que temos de melhorar.
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Em termos concretos, que medidas são essas?
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Há três questões em jogo. Primeiro, aumentar o número de provas e de praticantes inscritos na FPC. Em segundo lugar, dinamizar a modalidade no que concerne à competição, melhorando o nível das provas. Por fim, aumentar o empenhamento nas selecções e na internacionalização.
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Qual a prioridade?
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Temos urgência de reforçar o BTT nas suas bases e é algo que estamos já a fazer. Temos um índice elevadíssimo de corridas e atletas não filiados. De imediato, estamos a proporcionar condições vantajosas para que se inscrevam.
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Que condições são essas?
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Ao nível de seguros desportivos, âmbito no qual melhoraremos a cobertura, isentaremos de franquias de participações de sinistros. Estamos a estabelecer protocolos que beneficiarão todos os atletas federados, de que é exemplo o protocolo já assinado com as Pousadas de Juventude e que confere descontos a todos os filiados na FPC. Estamos também a preparar um outro protocolo com o Inatel. As condições de filiação de provas estão a ser melhoradas, diminuindo os encargos para os organizadores. Um clube inscrito na Federação paga 30 euros para filiar uma prova de BTT de um dia. Não é preciso andar por aí com provas piratas. Vamos exigir aos organizadores que diferenciem as taxas de inscrição para filiados e não filiados, uma vez que os filiados têm seguro que cobre todo o ano.
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Isso pode tirar proveitos às organizações.
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Não tira. Os organizadores têm de pagar os seguros. Se um atleta já está segurado, não faz sentido estarmos a pagar um seguro específico para aquela prova.
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Que receptividade espera para essas medidas?
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Estamos convencidos de que, aumentando a adesão dos praticantes de BTT à FPC, ganhamos capacidade de argumentação para pedirmos mais apoios ao Governo para uma vertente em franca expansão. Só com esta adesão teremos verbas para investir na competição e para aumentar o nível desportivo dos nossos praticantes. É desejável que surjam no BTT atletas profissionais. Vê-se muita qualidade, atletas que poderão prestigiar o país nas provas internacionais.
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Muitos praticantes de BTT criticam a FPC, alegando que, apesar de haver mais pessoas a praticar BTT, os esforços federativos estão mais direccionados para a estrada. Faz sentido?
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Não. A FPC toda a vida desenvolveu o ciclismo de estrada, mesmo quando não havia o BTT. O ciclismo de estrada é auto-suficiente, porque tem um trunfo extraordinário: a Volta a Portugal, um produto extremamente rentável. O que sustenta o ciclismo de estrada é a Volta e as receitas que recebemos do acordo que temos com a PAD. Não faz sentido que a federação desloque verbas do ciclismo de estrada para o BTT. Quando nos criticam estão a cometer um erro de análise. O praticante de BTT deve consciencializar-se de que o trunfo do BTT é o grande número de praticantes. Só quando tivermos esses praticantes filiados é que teremos verbas para investir no BTT. Estamos convencidos de que acabará por haver uma forte adesão dos praticantes de BTT à Federação Portuguesa de Ciclismo, o que nos dará argumentos para pedir mais apoios, de modo a podermos investir.
Não. A FPC toda a vida desenvolveu o ciclismo de estrada, mesmo quando não havia o BTT. O ciclismo de estrada é auto-suficiente, porque tem um trunfo extraordinário: a Volta a Portugal, um produto extremamente rentável. O que sustenta o ciclismo de estrada é a Volta e as receitas que recebemos do acordo que temos com a PAD. Não faz sentido que a federação desloque verbas do ciclismo de estrada para o BTT. Quando nos criticam estão a cometer um erro de análise. O praticante de BTT deve consciencializar-se de que o trunfo do BTT é o grande número de praticantes. Só quando tivermos esses praticantes filiados é que teremos verbas para investir no BTT. Estamos convencidos de que acabará por haver uma forte adesão dos praticantes de BTT à Federação Portuguesa de Ciclismo, o que nos dará argumentos para pedir mais apoios, de modo a podermos investir.
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Esta preocupação da FPC não poderia ter surgido mais cedo? O fenómeno não é tão recente como isso.
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A adesão tem vindo a acentuar-se há poucos anos. Despertou a febre das maratonas e, neste momento, temos organizadores com credibilidade e outros que nem tanto. Não creio que seja tarde para agirmos. Há uma tradição de prática livre e desburocratizada do BTT. Reconheço que poderíamos ter feito mais, mas está a chegar a hora exacta de não permitirmos que tudo continue como está. Estamos a perder a oportunidade de ter grandes campeões a disputar mundiais e europeus. Dado o “boom”, de certeza que nestes pelotões há atletas de muita qualidade. O que mais apaixona os praticantes de BTT é superar-se desportivamente, dando o seu máximo na proximidade com a natureza. As maratonas não são apenas lazer. São também competições. E as competições têm problemas. É preciso normalizar regras de segurança para proteger os atletas. Há normas de saúde também em causa: nem todos os praticantes estão preparados para os esforços que são exigidos. Alguém tem de controlar isso e tem de ser a federação. Por fim, há a questão do doping. São provas teoricamente de lazer, mas pode existir doping, porque há prémios e interesses económicos envolvidos. É responsabilidade da federação tutelar estes assuntos.”
Agora passados 10 meses pode-se dizer que muito trabalho foi efectuado e com alguns resultados já visíveis sendo sem sombra de duvida que o 2009 será o ano de viragem definitivo
A adesão tem vindo a acentuar-se há poucos anos. Despertou a febre das maratonas e, neste momento, temos organizadores com credibilidade e outros que nem tanto. Não creio que seja tarde para agirmos. Há uma tradição de prática livre e desburocratizada do BTT. Reconheço que poderíamos ter feito mais, mas está a chegar a hora exacta de não permitirmos que tudo continue como está. Estamos a perder a oportunidade de ter grandes campeões a disputar mundiais e europeus. Dado o “boom”, de certeza que nestes pelotões há atletas de muita qualidade. O que mais apaixona os praticantes de BTT é superar-se desportivamente, dando o seu máximo na proximidade com a natureza. As maratonas não são apenas lazer. São também competições. E as competições têm problemas. É preciso normalizar regras de segurança para proteger os atletas. Há normas de saúde também em causa: nem todos os praticantes estão preparados para os esforços que são exigidos. Alguém tem de controlar isso e tem de ser a federação. Por fim, há a questão do doping. São provas teoricamente de lazer, mas pode existir doping, porque há prémios e interesses económicos envolvidos. É responsabilidade da federação tutelar estes assuntos.”
Agora passados 10 meses pode-se dizer que muito trabalho foi efectuado e com alguns resultados já visíveis sendo sem sombra de duvida que o 2009 será o ano de viragem definitivo
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